Escrevo esse texto após já ter vivido um pouco mais da metade do meu primeiro ano de Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia. Já posso dizer, sem dúvidas, que se trata do período mais complexo e difícil da minha vida até aqui. Ao mesmo tempo, com certeza também é a época de maior crescimento profissional e pessoal.
Durante a faculdade, na maioria das vezes, não temos muito contato com a rotina ortopédica, então, por mais que eu tenha feito alguns estágios na área, era tudo muito novo! Quando entrei na Residência me senti como se estivesse iniciando uma graduação do zero outra vez. A sensação é uma das piores possíveis. Eu mal entendia o que estava sendo conversado entre os colegas mais avançados. Entrava nas cirurgias e não fazia a menor ideia do que estava acontecendo. Confesso que as primeiras semanas foram muito frustrantes.
Como é de conhecimento de muitos, a carga horária para se formar um cirurgião ortopedista é muito alta. E não há como evitar isso. A capacitação exige treinamento em diversos tipos de habilidades, e isso exige imersão. Tal imersão, ao mesmo tempo que é sofrível, paradoxalmente também é reconfortante, uma vez que começou a me dar mais confiança e conhecimento para aproveitar muito mais meu dia a dia no hospital e começar a entender as discussões e os casos.
Também tive dificuldade com a cobrança por parte dos chefes, principalmente nos primeiros meses. Como eles querem que eu saiba tanta coisa sendo que estou no início da minha formação? Na verdade, eles não esperam, de verdade, que eu saiba tudo agora. Comecei a entender que a cobrança é uma forma de me estimular a ir atrás das informações de forma ativa. Como vou operar se não tenho segurança e conhecimento das patologias e técnicas que presenciamos no dia-a-dia?
Dentre tantas experiências vividas esse ano, tenho convicção que o saldo é extremamente positivo. Abrir mão de algumas coisas importantes hoje com certeza me farão chegar onde desejo e sempre sonhei. Acho que o segredo é sempre manter a cabeça erguida e de olho no alvo. Quando aprendemos a aproveitar o “processo”, tudo fica mais leve.
O R1, apesar de todas as dificuldades, é um ano que deve ser vivido!
Victor Cunha Diniz
R1 Ortopedia e Traumatologia
Hospital Madre Teresa – BH/MG